D10 vai a banhos no Balneário - Parte III Repuxo | Phole

Repuxo - Paulo Barros

Afastado das margens da costa.

Sou levado pela corrente.

Entre ondas, mergulho fundo.

De repente, solto a pele.

O que devia estar dentro está fora.

O que devia estar fora está dentro.


Procuro de forma solta, encontrar, quando barro a tinta com a trincha sobre a matriz, uma inesperada relação com a imagem produzida. Este diálogo entre a ação e a obra, quando descobertos, é transferida com a prensa para o suporte em papel, de forma a revelar num registo a memória deste ato performativo.

O número de impressões intervencionadas podem variar de trabalho para trabalho, produzindo novas imagens, sobrepondo manchas, formas e cores com diferentes níveis, o que torna esta metodologia intemporal.

Os resultados finais sugerem paisagens visuais, onde as sobreposições de manchas cromáticas, se relacionam com formas orgânicas, imprevistas, tornando cada trabalho, independente e único.


Phole - João Gigante

Há muitos anos (pelos menos 7) na bruma da serra nasce o tocador do Phole. Quando os pássaros não bastam para colmatar o vazio sonoro e as árvores já não trauteiam canções orgânicas,os caminhos já não nos levam a onde queremos ir.

Na senda da descoberta infinita da regra desarticulada, do meandro absoluto do desapego sensível, encontra-se a forma abstrata de transformar reações cognitivas em padrões e reações sonoras.

Se outrora o medo de se perder a “forma/fôrma” ocupou a consciência dos ouvidos plurais, interessa agora tornar o instrumento um respeitado objecto de reprodução sonora. Transformar as sequências sonoras em vivências: reação de um eu que nada mais quer se não conhecer o seu próprio “lugar”.